Em desastres, a saúde mental costuma ser relegada a segundo plano. No entanto, os impactos psíquicos são devastadores:

➡️ Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT);

➡️ Ansiedade aguda;

➡️ Luto coletivo;

➡️ Sentimentos de desorientação, culpa e abandono;

➡️ Desestruturação familiar e comunitária.

A ausência de suporte psicológico imediato pode levar ao agravamento do sofrimento e comprometimento do processo de reconstrução emocional e social.

A automação não substitui o psicólogo, mas pode viabilizar o atendimento em larga escala quando o acesso é limitado. Algumas estratégias incluem:

📍Chatbots de Primeiros Cuidados Psicológicos: Programados com base em protocolos da OMS, oferecem acolhimento inicial, estabilização emocional e direcionamento para ajuda especializada.

📍Aplicativos Offline de Suporte Psicológico: Disponíveis para download prévio, funcionam sem internet e oferecem recursos de autocuidado, técnicas de respiração, áudio de relaxamento e diário emocional.

📍Telepsicologia por Satélite ou Rádio Comunitária: Em locais remotos, rádios locais e satélites podem ser usados para transmitir orientações de enfrentamento e mensagens psicoeducativas.

✅Ucrânia (2022–2024): A ONU e ONGs locais utilizaram bots no Telegram para oferecer suporte psicológico a refugiados em tempo real, inclusive com tradução simultânea.

✅Síria: Protocolos de “Primeiros Socorros Psicológicos” automatizados foram distribuídos via apps em acampamentos, ajudando a reduzir casos graves de pânico.

✅Haiti (Terremoto de 2010): Equipes criaram plataformas móveis para atendimento psicológico em creole, com foco em acolhimento e prevenção do suicídio.

➡️ Plataformas de IA com respostas baseadas em escuta empática e validação emocional;

➡️ Aulas e palestras gravadas por psicólogos com orientações de enfrentamento do trauma;

➡️ Áudios de hipnose humanitária, relaxamento e visualização guiada;

➡️ Formulários automatizados de triagem para identificar prioridades em abrigos;

➡️ Assistentes virtuais multilíngues, com uso de voz natural e linguagem simplificada.

Automatizar não é desumanizar. É criar pontes provisórias até que o cuidado presencial seja possível. Para isso, é necessário:

📝 Garantir consentimento e privacidade;

📝 Evitar algoritmos com vieses culturais;

📝 Adaptar a linguagem e conteúdo ao contexto local;

📝 Manter canais para posterior acompanhamento humano.

A automação atua como um braço auxiliar, ajudando profissionais sobrecarregados a priorizar casos, sistematizar registros e direcionar ações. Psicólogos, enfermeiros e líderes comunitários podem usar essas ferramentas como extensões de cuidado, e não como substitutos.

O atendimento psicológico emergencial automatizado é uma necessidade ética e estratégica em tempos de crise. Ele oferece presença, acolhimento e cuidado onde, muitas vezes, não há nada. Unir tecnologia à escuta, ao cuidado e à empatia é um passo vital para um mundo mais preparado, mais resiliente – e mais humano.

1- Chatbots realmente ajudam em situações de crise?
Sim. Embora não substituam o atendimento humano, oferecem acolhimento inicial, instruções básicas e estabilização emocional em momentos críticos.

2- Essas ferramentas são seguras para uso em populações vulneráveis?
Quando bem projetadas, com protocolos éticos e linguagem adequada, são seguras e extremamente úteis, especialmente quando supervisionadas por profissionais.

3- É possível usar essas ferramentas sem internet?
Sim. Muitos aplicativos funcionam offline e podem ser pré-instalados em celulares distribuídos em missões humanitárias.

4- Como os psicólogos podem atuar nesses contextos mesmo à distância?
Gravando conteúdos orientativos, supervisionando os sistemas automatizados, criando protocolos culturais e oferecendo atendimentos por teleconsulta quando possível.

5- O uso da IA nesses contextos desumaniza o atendimento?
Não. Quando bem aplicada, a IA amplia o alcance humano, sem substituir o cuidado, mas estendendo-o de forma inteligente e empática.

6- Existem experiências reais com esse tipo de automação?
Sim. Países em guerra e regiões afetadas por catástrofes já utilizam com sucesso tecnologias automatizadas no cuidado psicológico.

7- Como garantir que a automação respeite a cultura local?
Incluindo linguagens locais, símbolos culturais, vozes e narrativas regionais, com apoio de psicólogos nativos ou intérpretes.

1- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Psychological First Aid: Guide for Field Workers. OMS, 2011.
Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/44615

2- BARBOSA, R. P.; TEIXEIRA, A. L. Telepsicologia e crises humanitárias: possibilidades e desafios. Revista Brasileira de Psicologia, v. 12, n. 3, 2023.
Disponível em: https://revbraspsicologia.org.br/telepsicologia-em-crises

3- UNHCR. Mental Health and Psychosocial Support in Emergency Settings. ACNUR, 2022.
Disponível em: https://www.unhcr.org/mhpss-guidelines

4- AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION. Guidelines for the Practice of Telepsychology. APA, 2013.
Disponível em: https://www.apa.org/practice/guidelines/telepsychology